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Inflação é a maior para fevereiro desde 2015 e vai a 10,54% em 12 meses

 

A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), teve alta de 1,01% em fevereiro. 

 É a maior variação para o mês desde 2015, informou nesta sexta-feira (11) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

 O resultado veio acima das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam taxa de 0,95%. 

 O avanço em fevereiro significa uma aceleração frente a janeiro. No primeiro mês deste ano, a alta havia sido de 0,54%. 

 Até fevereiro, o IPCA chegou a 10,54% no acumulado de 12 meses. Na divulgação anterior, até janeiro, o avanço era de 10,38% nessa base de comparação. 

 O indicador, em dois dígitos, está distante da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central). O centro da medida de referência neste ano é de 3,50%. O teto é de 5%.

 De acordo com analistas, o IPCA deve voltar a estourar a meta em 2022. Se a estimativa for confirmada, será o segundo ano consecutivo de descumprimento. Em 2021, o avanço do índice foi de 10,06%. 

 Educação e alimentação puxam alta mensal Em fevereiro, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta de preços. No mês, o maior impacto (0,31 ponto percentual) e a maior variação (5,61%) vieram de educação. 

 Dentro desse segmento, o maior impacto foi dos cursos regulares (6,67%), com destaque para ensino fundamental (8,06%), pré-escola (7,67%) e ensino médio (7,53%). 

 Depois de educação, aparece o grupo de alimentação e bebidas. A alta foi de 1,28%, com contribuição de 0,27 ponto percentual. 

 "O grupo de alimentação sofreu impactos dos excessos de chuvas e também de estiagens que prejudicaram a produção em diversas regiões de cultivo no Brasil. Destacam-se, em particular, os aumentos nos preços da batata-inglesa (23,49%) e da cenoura (55,41%)", disse Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IPCA. 

 "No caso da cenoura, as variações foram desde 39,26% em São Paulo até 88,15% em Vitória. Além disso, as frutas subiram 3,55%", completou. 

 Por outro lado, foram registradas quedas nos preços do frango inteiro (-2,29%) e do frango em pedaços (-1,35%), que também tiveram recuos em janeiro, de -0,85% e -0,71%, respectivamente. 

 Já nos últimos 12 meses, o que mais pesou na inflação, de modo geral, foram os combustíveis, que acumularam avanço de 33,33%. Em fevereiro, esse item do grupo de transportes (0,46%) teve queda de 0,92%. 

 Guerra pressiona combustíveis e alimentos Para 2022, analistas até projetam uma taxa menor do que a do ano passado (10,06%), mas as preocupações voltaram a crescer devido aos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia. 

 Com a tensão no Leste Europeu, commodities agrícolas e o petróleo dispararam no mercado internacional. Os reflexos dessa valorização começaram a aparecer com maior força no Brasil nos últimos dias. 

 Em razão do avanço do petróleo, a Petrobras anunciou na quinta-feira (10) mega-aumento em preços de combustíveis nas refinarias --alta de 18,8% na gasolina, de 16,1% no gás de cozinha e de 24,9% no óleo diesel. 

 A decisão da estatal deve atingir o IPCA a partir de março. Antecipando os possíveis efeitos do petróleo sobre os combustíveis e as eventuais pressões de commodities agrícolas sobre alimentos no Brasil, analistas jogaram para cima as estimativas de inflação em 2022. 

 O economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), elevou sua projeção para o IPCA de 6,2% para 7,5%. 

 O viés é de alta. Ou seja, o número previsto pode ficar ainda maior nas próximas semanas, conforme Braz. 

 "Não é só o impacto dos combustíveis. Commodities como milho, soja e trigo também andam subindo e podem contaminar a inflação", aponta.

 "Há, ainda, os efeitos indiretos provenientes dos aumentos dos combustíveis. O frete fica mais caro, o transporte público urbano pode ficar mais caro", acrescenta. Juros mais altos Como mostrou reportagem da Folha, o mega-aumento de combustíveis pode detonar um ciclo vicioso de mais inflação, juros e dívida pública na economia brasileira. 

 A inflação persistente pode exigir que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) reforce a subida de juros ao longo de 2022 -e mantenha a taxa básica elevada por mais tempo no ano que vem. 

 Em uma tentativa de conter o avanço dos preços, o colegiado levou a Selic para 10,75% ao ano na reunião mais recente, em fevereiro. 

 Parte do mercado já vê a taxa acima de 13% ao final deste ano. A próxima reunião do Copom está agendada para os dias 15 e 16 de março. 

 Antes da guerra na Ucrânia, o brasileiro já havia sentido a disparada inflacionária. Ao longo da pandemia, houve carestia de alimentos e persistente ruptura da cadeia global de insumos, o que pressionou bens industriais. 

 Preços administrados, como combustíveis e energia elétrica, também ficaram mais caros. 

 No Brasil, o dólar mais alto virou um componente adicional, já que intensificou a pressão. O câmbio, que impacta itens como os combustíveis, subiu em meio à turbulência política protagonizada pelo governo Jair Bolsonaro (PL). 

 O avanço generalizado dos preços castiga sobretudo os mais pobres, que têm menos condições financeiras para enfrentar a carestia.

 Fonte: Bahia Notícias



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