No meio da queda de braço que se travou pela realização ou não do Carnaval de Salvador no próximo ano, o Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed) publicou uma nota se colocando de forma contrária à realização da festa momesca. Segundo a entidade, a realização do Carnaval contribuiria para o agravamento da pandemia no estado.
“O Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia, por motivos de saúde pública, é contrário à realização do carnaval. Por sua própria natureza de festa de multidão, a folia momesca envolve aglomeração, o que implica em aumento significativo de transmissão de doenças virais, o que é historicamente constatado pelos médicos nos atendimentos após o período carnavalesco. Com a pandemia, a propagação da Covid-19 na escala da maior festa popular do planeta poderia ser catastrófica”, diz trecho da nota divulgada à imprensa.
Ainda de acordo com a nota, a entidade lembra que na Europa os casos de Covid voltaram a crescer. “O nível de propagação da doença voltou a crescer em países da Europa. Isso ainda pode ocorrer no Brasil [...]. Um outro fato que preocupa a categoria é que, havendo um novo avanço da Covid, poderá voltar a ocorrer o retardo verificado anteriormente, durante a pandemia, nos diversos tratamentos de pacientes com doenças crônicas tais como diabetes, hipertensão, obesidade e câncer. O Sindimed apela aos entes públicos que, neste momento ainda de pandemia, priorize a saúde pública e mantenha suspenso o Carnaval 2022”, encerra a nota.
Prefeitura
Procurada pela Tribuna da Bahia, a Prefeitura de Salvador disse, por meio de nota, que segue em diálogo com todos os atores envolvidos nos festejos do Réveillon e Carnaval, atenta ao cenário da Covid-19 na cidade. “A definição sobre a realização ou não destes eventos na capital baiana deverá ser divulgada ainda este mês de novembro”, afirma em comunicado.
No início da semana, o prefeito Bruno Reis (DEM) revelou durante entrevista coletiva que ainda nesta semana vai se reunir com o governador Rui Costa (PT) para decidir sobre a realização do Carnaval em Salvador. “A nossa expectativa é que possa ocorrer, provavelmente, essa semana. Tenho fé de que a decisão está próxima de ser tomada. Se não for agora, vamos ver até quando pode ser adiada”.
Recomendação
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Bahia) enviou um ofício na última terça-feira à Comissão Especial de Acompanhamento da Retomada dos Eventos da Câmara Municipal de Salvador recomendando que o Carnaval da cidade seja realizado em um cenário em que 90% da população seja vacinada em segunda dose. No ofício, a Fundação sugere que dois cenários sejam considerados na organização do Carnaval: o primeiro com a pandemia controlada, com realização de atividades "normais" ou com agravamento da pandemia, com atividades limitadas.
"Considerando que o carnaval é um evento de massa, com muitas aglomerações e circulação de pessoas (de outros estados e países), consideramos muito importante que a vacinação tenha avançado mais ainda, com pelo menos 90%", escreveu a Fiocruz no ofício, que foi assinado pela Diretora do Instituto Gonçalo Moniz, Marilda de Souza Gonçalves, da Fiocruz-Bahia.
Por Davi Valadares
Fonte: Tribuna
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